Criado em 1970 por iniciativa do governo do Estado de São Paulo, o Festival de Inverno de Campos do Jordão nasceu com o desejo de transformar a cidade serrana em um centro cultural à altura dos grandes festivais europeus. A proposta foi idealizada por Luís Arrobas Martins, então secretário da Fazenda e apaixonado pelas artes, que vislumbrou no Palácio Boa Vista o palco ideal para concertos de música clássica durante o inverno.
Para tirar o projeto do papel, Arrobas contou com a consultoria de Camargo Guarnieri, um dos maiores compositores brasileiros. Foi ele quem ajudou a delinear os primeiros passos do Festival e apontou desde o início a vocação que o evento assumiria: unir apresentações de excelência à formação de jovens músicos.
A primeira edição reuniu grandes nomes da cena musical brasileira, como Magda Tagliaferro, e firmou-se como um marco cultural para Campos do Jordão. No entanto, foram os anos seguintes, especialmente a partir de 1973, sob a direção do maestro Eleazar de Carvalho, que o Festival consolidou sua proposta pedagógica, inspirada no modelo do Festival de Tanglewood (EUA), com intensa programação de cursos e concertos.
Foi também nesse período que se estabeleceu a parceria com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), fundamental para a profissionalização do evento. Entre altos e baixos, o Festival tornou-se referência no continente, celebrando talentos, promovendo intercâmbios e revelando gerações de músicos. Hoje, é o maior festival de música clássica da América Latina e um símbolo da vitalidade cultural brasileira.
Ao longo de sua história, o Festival recebeu artistas como Arthur Moreira Lima, Nelson Freire, Maria João Pires, Isaac Karabtchevsky, Radamés Gnattali, Antonio Meneses, Arnaldo Cohen, Emmanuele Baldini, Midori, Pinchas Zukerman, Jean-Louis Steuerman, Karin Lechner, Quarteto Emerson, Quarteto Brodsky, Yo-Yo Ma e Marin Alsop, entre muitos outros nomes que marcaram a cena da música clássica no Brasil e no mundo.